27 de setembro de 2008

Pena

Ponho aqui um poema de um jovem brasileiro que começa a ganhar seu espaço. Pode até não parecer muito impressionante, mas, conseguir espaço proclamando a arte livre (livre de politicagem, capital, interesses, egos...) e seguindo sistematicamente aquilo que prega, é para poucos... na verdade só sei dele até hoje...
Esse poema me soa como um grito num mundo governado por cifrões, onde se mede o homem pelo seu salário. Será que é tão difícil entender que somos mais do que podemos ter no bolso? Ou que a arte vale por si?
Bem... acho que essa indignação está bem explicitada no texto, tornando-se redundante a minha manifestação... então, embebedam-se desse poema.
A POESIA (ainda) PREVALECE!!!
Composição: Fernando Anitelli e Maíra Viana

O poeta pena quando cai o pano
E o pano cai
Um sorriso por ingresso
Falta assunto, falta acesso
Talento traduzido em cédula
E a cédula tronco é a cédula mãe solteira
O poeta pena quando cai o pano
E o pano cai
Acordes em oferta, cordel em promoção
A Prosa presa em papel de bala
Música rara em liquidação
E quando o nó cegar
Deixa desatar em nós
Solta a prosa presa
A Luz acesa
Lá se dorme um Sol em mim menor
Eu sinto que sei que sou um tanto bem maior
O palhaço pena quando cai o pano
E o pano cai
A porcentagem e o versorifa, tarifa e refrão
Talento provado em papel moeda
Poesia metamorfoseada em cifrão
O palhaço pena quando cai o pano
E o pano cai
Meu museu em obras, obras em leilão
Atalhos, retalhos, sobras
A matemática da arte em papel de pão
E quando o nó cegar
Deixa desatar em nós
Solta a prosa presa
A luz acesa
Já se abre um sol em mim maior
[Eu sinto que sei que sou um tanto bem maior]