30 de dezembro de 2010

Coração Caipira

Agora já sei plantá teus verso
Num manejo sem instrução
Invez de semente, vai é coração
Deixo exposto meu avesso

 Agora já sei crescê teus verso
Num manejo sem ribeirão
Nessas lavouras vigio chão
Pra brotá só o que peço

Aprenderei colhê teus canto
que dos verso já preparô
De tanta beleza, a todos encantô

Me recebe antes das queimada
Já que o fogo já lambe meu peito
Ouve o coração que na chama brada

Mariá

Mariá da zona sul, do sudeste do Brasil
Não se veste pra agradar essa fama que surgiu
Na escola já era surda pros malandros do "fiu-fiu"
Nem a mãe sabia bem de onde veio o que pariu

É a Mariá,
Sua casa é de bacana
Sua bunda de "negá"

Ela não gostava nada desse berço em que jazia
Não se emperequetava nem pensava em academia
Mas pra sorte da minha vila um sambinha ela curtia
Quando o pandeiro toca já se vê sua alegria

É a Mariá,
Só tem carro do ano
Só me leva pra "matá"

Nessas horas eu me lembro uma vez que a gente enrola
Ela vai direto ao ponto, num instantinho me degola
E depois, meu deus do céu, vê se pode, ora bolas
Vai saindo de fininho e a bundinha inda rebola

É a Mariá,
Morava em Nova Yorque
Só pensava em "resbolá"

Eu que nunca entendi bem o que era essa bebida
Nesse copo afunilado uma azeitona era escondida
Todo mundo black tie, nesse salão isso é a vida
E Mariá já mareada só pedia uma cuíca

É a Mariá,
Sua casa é de bacana
Sua bunda é de "negá"

18 de dezembro de 2010

Soneto do Soneto

Eu não sei escrever soneto
já não sei faz muito tempo
Os versos de mim não fluem
Rimarei com o verso acima, meu bem?

Os primeiros quatro já foram
Que tal agora tentar de novo?
Receitarei um cozido de ovo?
Errei de novo na rima, meu povo

Percebi que não sei metrificar
e fiquei sem fonemas pra gastar
Pra outra estrofe vou pular

Agora só me restam três
devo falar tudo de vez
mas tenho que finalizar, meu freguês

21 de agosto de 2010

Dedicado

Orixá menina,
Usa teu encanto pra fugir
Fuma o teu verde pra sair do chão
Chame com teu jeito de mentir
Meta minha cor em teus olhos
Molho meu jardim, te espero

Quero o teu seio ornado de flores
Dores dilacero com a tua lembrança
Herança do passado, futuro motriz
Tristeza em sigilo e a forma se lança
Abraça o teu peito, me esconde assim
Dissolva minha treva em jasmim

Cansa de sentir
Dança sem pensar
Dobra a vida, vou a lua
Só pra te encontrar
Me leva Laís...
Diz que vai voar

Voa comigo, plana sobre o colorido
Pelo eterno em que me fiz amigo teu
Te faço quem quero só pra ser elo meu


Bruno Faria