23 de junho de 2008

Instante

Por dois segundos
Consigo entender tudo
Tudo fica claro, tudo fica brando
Quando se pensa que são dois segundos

Raro instante onde tudo é um
Nada é separado, corpo fechado
Sujeito e objeto se confundem,
na vida e na frase sem ordem
que só os poetas mortos
escrevem em ossos

O tudo é calmo e coerente
Não me importo
Não fico nem triste, nem contente
Mas também não sou indiferente
Ou o sou à flor da pele.

Indiferença à flor da pele
Seria um sentimento?
Ou a total falta dele?
Não é mais que por um momento
Não agüentaria se não fosse

Por dois segundos
Na boiada não sou boi
Nem quero bancar o rei
Não olho pro passado que foi
Mas sei qual é a sua lei

Não penso nada
Nada vi, nem falo
Na ambigüidade do verso acima
Elaboro qualquer rima
Mas continuo em frangalho
depois do tempo passado

Não sei a razão
Nem a condição
Não sei se é por opção
Status divino, saber sem função
Deve ser assim que Ele sabe

Agora acabou o tempo
E eu voltei a não saber


Bruno Faria

3 comentários:

Unknown disse...

Cara, fiquei besta diante de tal poesia!
Adorei cara, realmente você tem talento!
Abração e parabéns ai.

Unknown disse...

É realmente Chico tem te feito bem demais cara,só falta encher mais esse blog aew,coloca aquelas loucuras socialistas,aforismos de Hipócrates,máximas de Descartes e toda aquela loucura nossa,hauahuahua..

Vlw aew,parabéns msm.

Suellen de Paula disse...

Cara, acada dia que passa você me surpreende mais com sua formas de lidar com as palavras, organizando-as num conjunto de tal maneira que elas deixam de ser apenas palavras e passam a ter um significado maior para quem as lê!
Você é muito bom mesmo!!!
Adorei....